Imagem e biografia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Frida_Kahlo
FRIDA KAHLO
( MÉXICO )
Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón (Coyoacán, 6 de julho de 1907 – Coyoacán, 13 de julho de 1954),[2] mais conhecida como Frida Kahlo, foi uma pintora mexicana conhecida pelos seus muitos retratos, autorretratos, e obras inspiradas na natureza e artefactos do México. Inspirada pela cultura popular do país, empregou um estilo de arte popular naïf para explorar questões de identidade, pós-colonialismo, género, classe, e raça na sociedade mexicana.[3] As suas pinturas tinham frequentemente fortes elementos autobiográficos e misturavam realismo com fantasia. Para além de pertencer ao movimento Mexicayotl pós-revolucionário, que procurava definir uma identidade mexicana, Kahlo é descrita como uma surrealista ou realista mágica.[4] Ela é conhecida por pintar sobre a sua experiência de dor crónica.[5]
Nascida de pai alemão e mãe mestiça, Kahlo passou a maior parte da sua infância e vida adulta na La Casa Azul, a sua casa de família em Coyoacán — agora acessível ao público como o Museu Frida Kahlo. Embora tenha sido incapacitada pela poliomielite quando criança, Kahlo foi uma estudante promissora, rumo à escola de medicina, até sofrer um acidente de autocarro aos dezoito anos, o que lhe causou dores e problemas médicos para toda a vida. Durante a sua recuperação, ela voltou ao seu interesse de infância pela arte com a ideia de se tornar artista.
Os interesses de Kahlo na política e na arte levaram-na a aderir ao Partido Comunista Mexicano em 1927,[2] através do qual conheceu o seu colega artista mexicano Diego Rivera. O casal casou em 1929,[2][6] e passou o final dos anos vinte e início dos anos trinta a viajar juntos no México e nos Estados Unidos. Durante este período, ela desenvolveu o seu estilo artístico, inspirando-se principalmente na cultura popular mexicana, e pintou sobretudo pequenos autorretratos que misturam elementos de crenças pré-colombianas e católicas. As suas pinturas suscitaram o interesse do artista surrealista André Breton, que organizou a primeira exposição individual de Kahlo na Julien Levy Gallery em Nova Iorque em 1938; a exposição foi um sucesso, e foi seguida por outra em Paris em 1939. Apesar da exposição francesa ter sido menos bem sucedida, o Louvre adquiriu uma pintura de Kahlo, O Quadro, fazendo dela a primeira artista mexicana a ser apresentada na sua coleção.[2] Durante a década de 1940, Kahlo participou em exposições no México e nos Estados Unidos e trabalhou como professora de arte. Ensinou na Escuela Nacional de Pintura, Escultura y Grabado ("La Esmeralda") e foi membra fundadora do Seminario de Cultura Mexicana. A sempre frágil saúde de Kahlo começou a agravar-se na mesma década. Realizou a sua primeira exposição individual no México em 1953, pouco antes da sua morte, em 1954, com 47 anos.
Kahlo em 15 de junho de 1919, com 11 anos
O trabalho de Frida Kahlo como artista permaneceu relativamente desconhecido até finais dos anos 70, quando o seu trabalho foi redescoberto por historiadores de arte e ativistas políticos. No início dos anos 90, ela tinha-se tornado não só uma figura reconhecida na história da arte, mas também considerada como um ícone para o Movimento Chicano, o movimento feminista e o movimento LGBT. O trabalho de Kahlo tem sido celebrado internacionalmente como emblemático das tradições nacionais e indígenas mexicanas e por feministas pelo que é visto como a sua representação intransigente da experiência e forma feminina.[7]
Biografia / Infância e juventude
Frida Kahlo nasceu em 6 de julho de 1907 na casa de seus pais, conhecida como La Casa Azul (A Casa Azul), em Coyoacán, na época uma pequena cidade nos arredores da Cidade do México e hoje um distrito.[8] Seu pai, Guillermo Kahlo, cujo nome oficial era Carl Wilhelm Kahlo, nasceu em Pforzheim Alemanha, filho de Henriette Kaufmann e Jakob Heinrich Kahlo. Frida afirmava que seu pai era de ascendência judaico-húngara,[9] mas pesquisadores demonstraram que os pais dele não eram judeus, mas luteranos alemães.[10] Guillermo Kahlo chegou ao México em 1891, aos 19 anos de idade, e logo mudou seu nome alemão, Wilhelm, para o equivalente em espanhol, "Guillermo".
Kahlo descreveu posteriormente que a atmosfera de sua casa durante a infância era frequentemente triste.[11] Seus pais estavam frequentemente doentes,[11] e o casamento estava desprovido de amor.[12] Seu relacionamento com sua mãe, Matilde, era extremamente tenso.[13] Kahlo descreveu sua mãe como "gentil, ativa e inteligente, mas também calculista, cruel e fanaticamente religiosa".[13] O empreendimento de fotografia de seu pai sofreu muito devido a Revolução Mexicana, já que a derrubada do governo o comissionou de trabalhos, além de que a guerra civil limitou o número de clientes particulares.[14]
A mãe de Frida, Matilde Gonzalez y Calderón, era uma católica devota de origem indígena e espanhola.[15] Os pais de Frida se casaram logo após a morte da primeira esposa de Guillermo, durante o nascimento do seu segundo filho. Embora o casamento tenha sido muito infeliz, Guillermo e Matilde tiveram quatro filhas, sendo Frida a terceira. Ela tinha duas meias-irmãs mais velhas. Frida ressaltava que cresceu em um mundo cheio de mulheres. Durante a maior parte de sua vida, no entanto, ela se manteve próxima do pai.
Kahlo em 1926
Em 1913, com seis anos, Frida contraiu poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida. A poliomielite fez com que sua perna direita fosse menor e mais fina que a perna esquerda.[16] Passou a usar calças, depois longas e exóticas saias, que se tornaram uma de suas marcas pessoais. Embora Frida desde o início da infância tenha recebido tutoria artística de Fernando Fernández,[17] ela não estava particularmente interessada na arte como uma carreira.
Em 1922 foi aceita na Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México e durante 1922 até 1925 frequentou a escola. Durante seu período acadêmico, Frida focou em disciplinas de ciências naturais com o objetivo de se tornar uma médica.[18] A instituição recentemente havia começado a admitir mulheres, tendo apenas 35 alunas no total de 2000 estudantes matriculados.[18] Ela teve um bom desempenho acadêmico,[19] era uma leitora voraz e rapidamente se tornou "profundamente imersa e empenhada na cultura Mexicana, ativismo político e questões de justiça social".[20] Durante esse período, Kahlo foi particularmente influenciada por 9 colegas de classe, na qual estes formaram um grupo informal que se autointitulava como "Cachuchas" - muitos indivíduos desse grupo mais tarde se tornaram figuras importantes da elite intelectual Mexicana.[21]
Acidente de ônibus
Em 17 de setembro de 1925, Frida sofre um grave acidente de ônibus causado pelo choque com um bonde. O corrimão do ônibus perfurou-lhe as costas, causando uma fratura pélvica, perfuração do abdomen e do útero, 3 fraturas em sua coluna vertebral, seu pé direito foi triturado e deslocado e teve a clavícula fraturada.[22] Frida ficou um mês no hospital e dois meses em casa se recuperando antes de voltar ao seu trabalho.[23] Tal acidente obrigou-a a usar coletes ortopédicos por três meses, ela chegou a pintar alguns deles (como o colete de gesso da tela intitulada A Coluna Partida'). O acidente acabou com seus sonhos de se tornar uma médica e causou dores e doenças pelo resto de sua vida, a transformando-a em uma Pessoa com Deficiência (PcD). seu amigo Andrés Henestrosa citou que Kahlo "vivia morrendo".[24] Apesar de não haver uma definição formal à época para a enfermidade, médicos e historiadores acreditam que ela sofria de fibromialgia pós-traumática.[25][26][27] Durante a sua longa convalescença, começou a pintar, usando a caixa de tintas de seu pai e um cavalete adaptado à cama.[28]
Rivera, Kahlo, e Anson Goodyear
Relacionamento com Diego Rivera
Em 1928, entrou no Partido Comunista Mexicano e conheceu o muralista Diego Rivera, com quem se casa no ano seguinte. Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de zonas de cor amplas e simples, num estilo propositadamente reconhecido como ingênuo. Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, por isso adotava com muita frequência temas do folclore e da arte popular do México.
Viagens ao exterior
Entre 1930 e 1933 passa a maior parte do tempo em Nova Iorque e Detroit, com Rivera. Entre
Um retrato de Kahlo por Magda Pach, esposa de Walter Pach, no Smithsonian American Art Museum (1933)
1937 e 1939, recebeu Leon Trotski em sua casa de Coyoacán. Em 1938, André Breton qualifica sua obra de surrealista em um ensaio que escreveu para a exposição de Kahlo na galeria Julien Levy de Nova Iorque. Não obstante, ela mesma declarou mais tarde: Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade. Em 1939, expõe em Paris na galeria Renón et Colle.
Volta ao México
A partir de 1943, dá aulas na escola La Esmeralda, no D.F. (México). Em 1953, a Galeria de Arte Contemporânea desta mesma cidade organiza uma importante exposição em sua honra. Alguns de seus primeiros trabalhos incluem o Auto-retrato em um vestido de veludo (1926), Retrato de Miguel N. Lira (1927), Retrato de Alicia Galant (1927) e Retrato de minha irmã Cristina (1928).
Vida pessoal
Frida e Diego Rivera se casaram duas vezes.
Casa-se aos 22 anos com Diego Rivera, em 1929, um casamento tumultuado, visto que ambos tinham temperamentos fortes e casos extraconjugais. Kahlo, que era bissexual,[29] teve um caso com Leon Trotski depois de separar-se de Diego. Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, mesmo elas sendo casadas, mas não aceitava os casos da esposa com homens. Frida descobre que Rivera mantinha um relacionamento com sua irmã mais nova, Cristina.
Após essa outra tragédia de sua vida, separa-se dele e vive novos amores com homens e mulheres, mas em 1940 une-se novamente a Diego. O segundo casamento foi tão tempestuoso quanto o primeiro, marcado por brigas violentas. Ao voltar para o marido, Frida construiu uma casa igual à dele, ao lado da casa em que eles tinham vivido. Essa casa era ligada à outra por uma ponte, e eles viviam como marido e mulher, mas sem morar juntos. Encontravam-se na casa dela ou na dele, nas madrugadas.
Embora tenha engravidado mais de uma vez, Frida nunca teve filhos, pois o acidente que a perfurou comprometeu seu útero e deixou graves sequelas, que a impossibilitaram de levar uma gestação até o final, tendo tido três abortos (em 1929 ela sofreu o primeiro aborto, e em 1932, o segundo).
Tentou diversas vezes o suicídio com facas e martelos.
Em 13 de julho de 1954, Frida Kahlo, que havia contraído uma forte pneumonia, foi encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. Mas não se descarta a hipótese de que tenha morrido de overdose (acidental ou não), devido ao grande número de remédios que tomava. A última anotação em seu diário, que diz "Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida", permite a hipótese de suicídio. Seu corpo foi cremado, e suas cinzas encontram-se depositadas em uma urna em sua antiga casa, hoje Museu Frida Kahlo.[30]
Homenagens póstumas
Casa Azul, o museu
"A Casa Azul", residência de Frida e de seus familiares.
Quatro anos após a sua morte, sua casa familiar conhecida como "Casa Azul" transforma-se no Museu Frida Kahlo. Frida Kahlo, reconhecida tanto por sua obra quanto por sua vida pessoal, ganha retrospectiva de suas obras, com objetos e documentos inéditos, além de fotografias, desenhos, vestidos e livros.
Centenário
O centenário de Kahlo foi comemorado com a maior exibição já realizada de suas pinturas no Palacio de Bellas Artes, local de sua primeira exibição no México.[31] Foram reunidas pinturas vindas de Detroit, Los Angeles, Miami, Mineápolis, San Francisco, e Nagoya. A exibição incluiu um terço de sua produção artística, assim como manuscritos e cartas que ainda não haviam sido exibidos.[31] A exposição ficou aberta entre 13 de junho e 12 de agosto de 2007, e quebrou todos os recordes de público do museu.[32]
Na cultura popular
Em 1986, Paul Leduc dirigiu o filme "Frida Kahlo, natureza viva", montado como colagem de recordações de Frida antes de sua morte.[33]
Em 1992, foi mencionada na canção "Esquadros", de Adriana Calcanhotto.
Em 2002, sob a direção de Julie Taymor, foi lançado o filme Frida, que narra a história da pintora, interpretada pela atriz Salma Hayek. O longa metragem conta ainda com a presença de Alfred Molina, interpretando Diego Rivera.
Em 2008, a banda inglesa Coldplay lançou o álbum Viva la Vida or Death and All His Friends, cujo título é inspirado em um quadro de Frida, também intitulado "Viva La Vida" e que intitula também a principal canção do disco. Segundo o vocalista Chris Martin, o título foi escolhido devido ao otimismo de Frida, mesmo com os percalços percorridos pela artista, ao exaltar a vida no referido quadro. Ela se vestia mediocremente com vestes de pobre, mesmo tendo uma quantia relativamente grande de dinheiro.
Em 2010 foi homenageada pelo Google com um doodle estilizado de seu autorretrato.
Em 2010 foi homenageada no carro abre-alas da escola de samba Viradouro da cidade de Niterói que desfila no Rio de Janeiro.
Em 2011 foi citada na música "Sucrilhos" do rapper brasileiro Criolo Doido. Além dela, são citados os artistas Hélio Oiticica e Di Cavalcanti.
Em 2014 estreou no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, a peça "Frida y Diego", com Leona Cavalli e José Rubens Chachá. Com texto de Maria Adelaide Amaral, a apresentação trata da conturbada história de amor entre Frida Kahlo e Diego Rivera.
Em 2015 ganhou livro na coleção Antiprincesas, Editora Chirimbote (Argentina).
MULHERES DA LITERATURA QUE INSPIRAM OUTRAS MULHERES. Biblioteca Demonstrativa de Brasília – BDB. Brasília: 202? - Inclui: CECÍLIA MEIRELES, FLORBELA ESPANCA, ENHDUANNA, FRIDA KAHLO, CAROLINA MARIA DE JESUS, CORA CORALINA, JULIA LOPES DE ALMEIRA, MARIA FIRMINA DOS REIS, SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN. 011 folhas soltas, em cores.
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
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Página publicada em agosto de 2024
Poesia iberoamericana – México
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